O ecoturismo nos Campos de Altitude
Entenda como o desenvolvimento do turismo ecológico nos Campos de Altitude pode contribuir para a proteção do ecossistema.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) definem o ecoturismo ou turismo ecológico como o “segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações“.
Essa definição é importante: ao mesmo o que esse segmento do turismo promove o contato das pessoas com ambientes naturais com belas paisagens e a biodiversidade dos biomas brasileiros as atividades demandam uma série de responsabilidades, buscando assegurar conservação e o menor impacto possível aos elementos da paisagem, sejam eles biológicos, como as plantas e a fauna; minerais, como as formações rochosas do local, ou culturais, como produções de valor histórico relevante de comunidades humanas que habitaram o local no ado, por exemplo.

Pedra Furada. Foto: Arquivo Apremavi.
Nos Campos de Altitude e em todas as áreas onde o turismo ecológico pode ser realizado, o fortalecimento dos serviços de apoio e visitação, bem como a conscientização sobre as atividades turísticas permitidas nas áreas naturais são o ponto de partida para garantir a proteção da natureza.
Antes de ofertar atividades de turismo ecológico é preciso considerar:
∙ Potenciais impactos que as atividades podem gerar para a conservação da área;
∙ Os riscos que a área oferta para as pessoas (como animais peçonhentos, terreno com relevo acentuado, dificuldades para a comunicação, etc.);
∙ Medidas para garantir a sustentabilidade do ambiente, como a definição de uma capacidade de e diária para a visitação;
∙ Se for uma Unidade de Conservação, o que prevê o Plano de Manejo e quais são as regras da instituição a em relação ao turismo.
Muitas atividades de ecoturismo nos Campos de Altitude ocorrem no Parque Nacional de São Joaquim (PNSJ), um dos primeiros criados no Brasil e o primeiro em Santa Catarina, em 1961. Seu objetivo principal foi a proteção das araucárias, mas ao longo do tempo foi reconhecida a relevância da área para toda a fauna e flora além dessas árvores, e despertando o interesse de muitos visitantes.
A EcoTrilhas Serra Catarinense é uma das empresas que atuam no PNSJ e em outras áreas de Campos de Altitude, como o Campo dos Padres. Os roteiros oferecidos demonstram que muitas pessoas estão interessadas pelo turismo ecológico na região, e também a valorização dos diversos elementos que fazem esse ecossistema ser tão importante. Entre as atividades oferecidas estão:
∙ Expedições e travessia no Campo dos Padres: proporciona uma imersão na natureza local;
∙ Percurso de observação de Aves (birdwatching): realizada nos Campos de Altitude e na Floresta com Araucárias permitindo aos participantes apreciar a rica avifauna da Serra Catarinense;
∙ Trilhas em Cânions: eios por formações geológicas impressionantes, como o Cânion das Laranjeiras, Cânion do Funil e Pedra Furada, onde os Campos de Altitude proporcionam paisagens deslumbrantes;
∙ Circuito Santa Bárbara: trilha que inicia em um vale de araucárias, ando por cascatas e subindo até os Campos de Altitude da Santa Bárbara.
Segundo Dário Lins, sócio da EcoTrilhas Serra Catarinense, o ecoturismo é extremamente importante tanto para a conservação da natureza quanto para o desenvolvimento econômico sustentável: “Ele ajuda a proteger áreas naturais, gera renda para comunidades locais e incentiva práticas mais sustentáveis. Além disso, cria empregos, movimenta a economia da região e conscientiza as pessoas sobre a importância de preservar o meio ambiente.”
Lins também destaca a importância do planejamento e mensuração dos impactos que as visitas geram ao ambiente: “Claro, há desafios, como o risco de turismo descontrolado, que pode acabar prejudicando a própria natureza. Por isso, é essencial ter boas políticas de gestão, controle de visitantes e educação ambiental. Quando feito de maneira correta, o ecoturismo consegue equilibrar preservação e desenvolvimento, beneficiando todo mundo – tanto a natureza quanto as pessoas que dependem dela.”
A capacitação de guias e outros trabalhadores para esse segmento do turismo é essencial para promover também o conhecimento da natureza e da história dos territórios através das visitas, incentivando os turistas a contribuir com a proteção das áreas e a reconhecer a importância das Unidades de Conservação, por exemplo. Além disso, o incremento no número de visitantes pode contribuir com a conservação, desenvolvimento social, cultural e econômico dos destinos turísticos e das comunidades locais.

Fotos das paisagens e da realização de trilhas nos Campos de Altitude de Santa Catarina. Fotos: Wigold B. Schäffer e Arquivo Apremavi.
Ecoturismo consciente: o que eu preciso saber
Se você planeja conhecer uma área dos Campos de Altitude, ou outra paisagem natural do Brasil, essas são algumas atividades para uma visita tranquila e responsável:
∙ Saber quem é o proprietário da área e obter autorização para a visita (se for uma área privada) ou realizar contato para o agendamento e autorização da visita com a instituição que istra o local (se for uma área pública);
∙ Mapear a área, manter informações de localização atualizadas e, sempre que possível, contar com um um guia para a visita;
∙ Manter junto de si todos os objetos, não coletar materiais da natureza e descartar o lixo gerado corretamente;
∙ Verificar os riscos possíveis que o local oferece e tomar todas as medidas de proteção.
> e o Guia de Conduta Consciente em Ambientes Naturais, do ICMBio
> Leia o Guia de turismo na Mata Atlântica, da SOS Mata Atlântica
> e o Guia do Visitante do Parque Nacional de São Joaquim
Campanha em prol dos Campos de Altitude
Essa matéria é fruto da campanha “Proteja os Campos de Altitude”, uma das iniciativas do projeto “Cuidando da Mata Atlântica: Articulação Região Sul da RMA”, executado numa articulação entre a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais, Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e Instituto Mira Serra, com o apoio financeiro da Fundação dinamarquesa Hempel por meio da Fundação SOS Mata Atlântica.

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer e Thamara S. de Almeida
Foto de capa: Wigold Schäffer